sexta-feira, 19 de julho de 2013

Luto em devaneios...





Ao abrir os olhos e se dar conta de que ainda estava no mesmo lugar, na mesma condição que tentara fugir ao dormir, amaldiçoou o dia por isso. E com ele o brilho intenso da manhã, o cair da chuva, o barulho do mundo lá fora que representava a vida inerente a sua existência, o que o fazia sentir se ainda mais miserável. Por que a dor era eminente, e pensar, extravasar, se entorpecer já não fazia diferença, Deus não estava lá e tinha certeza disso, e por isso tudo e todos eram paliativos e indiferentes diante de seu luto.

Lembrou se de uma antiga definição do que era deficiência: “Condição de total dependência quando não se tem capacidade alguma de mudar a sua realidade sem o outro”. Era como se sentia. Mas não havia ajuda alguma, só a sombra de uma vida que construíra apenas com ilusões e contratos sociais, da qual já rasgara do livro de sua vida pessoal.


Enxergou se despido diante do espelho, via ali sua imagem indefesa e cheia de marcas, suas marcas contavam sua história que guardava só para si. Era homem com desejo de criança. Ele refletia ao espelho uma verdade inconveniente, vivia em negação, queria ser tantas pessoas e acabou sendo apenas ele mesmo... Já não queria refletir mais a mentira dos outros, se alimentar com mentiras para viver, isso só fazia sentido para quem tinha medo. Órfão da guerra de viver, não queria fugir, queria lutar por um amor mais forte. E quando foi perseguir lo, encontrou em si mesmo o seu próprio lar!

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