terça-feira, 29 de outubro de 2013


Atrás dessa pele marcada, 
Coberta em tatuagens, a nudez reage 
Em sedenta, selvagem atração 
Guiada, alada a dominação 
Da supremacia, profana tempestade
Que não se engana nem reprime, 
Não deixa corpos, 
Os devora, os devolve
Aos porcos, interiores 
O que querem? 
O que esperam? 
Vomitar a dor, 
O conflito que tanto se evitou
E com ele, sem perceber 
Evitou se todo o resto 
Agora virou guerra...

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Suicidio Moral






Eu não soube me calar,
Preferi não esperar,
Que o veneno se espalhasse
Os dias vão e vem, mas ninguém
Confronta a indiferença, nem a doença
Do fascismo, que para uns cabe a sentença,
Para outros, o prazer

Mas eu queria sofrer a queda
Meu impeto foi pular,
Da beira daquele precipício
A frente os braços, e laços me atavam
Tentando me segurar, mas em cada passo
Uma força mais forte me levava
E me joguei, me arremessei
Sem par, sem casa pra voltar...

O parapeito era um farol,
Que sempre indicava a direção,
Fazia dele meu abrigo, minha ética
Droga e religião...
Mas a queda era sedução,
Desejo de encontrar outro sentido
Que não sustentasse uma ilusão

Preferiria assim, me eternizar,
Em momentos autênticos, de vivência sublime
Não queria cometer pra mim
Um crime, de esperar
Que os céus viessem me buscar...

Não importava o impacto,
A morte daquele fato,
Era para o desejo, um recomeço
E lá embaixo,
Abracei sem luto,
A realidade, que não cura
Mas era um mar,
De possibilidades pra me libertar...

Péricles Carvalho

sábado, 5 de outubro de 2013

Porto alma...



Feito pôr do sol,
Meus olhos foram se cobrindo,
Nas profundezas de incertezas
Das minhas próprias regressões,
Afogando me em uma induzida loucura,

Em meio a águas turvas e escuras,
Veneno para uma consciência em completa negação
De todas as vezes que me deixava levar
Abandonando a própria luta,
Fugindo em alto mar,
O medo afundava esse corpo
Que não sabia nadar, mas se escondia
Rezando e chorando, esperando a resposta
Que não vinha, chegar...

E como miragem, na outra margem
Estava abandonado, ancorado, o amor...
Um lugar tão distante,
Onde não ousava chegar,
Mas estaria ao alcance
Se eu pudesse liberta lo
Mas primeiro me libertar
Das repressões e temores, deixando remar o desejo
E se enfrentar, se permitir
Aprendendo com o amor que não nasceu para seguir...

Péricles Carvalho