quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Sentença...




E quando for, 
Embora o amor
Levando com ele o calor
E elo que nos sustente
Não haverá lei, rei ou quem 
Que se apresente em teu altar

Não haverá restos 
Que se dê à aproveitar
Territórios sem donos, 
Sem tronos, 
E quando o inverno visitar,
Pela ausência da chama pelo amar
O peito se petrificará, 
Em gélida e infinita sensação
De morte, 
Não haverá teto
Que nos protegerá, Nem projetos
À se sustentar, 
E se regressará a escravidão
O homem a si próprio

Feridas se abrirão 
Por entre as asas do desejo
E a liberdade de voar 
Com a força das emoções, 
Que nos guiam para o poder 
De acreditar, de sentir e mudar
Deixarão os céus em silêncio
Como se jamais pertencessem a este lugar

E quando for, 
Embora o amor 
O sentido sucumbirá, 
Perdendo o rumo, 
E a alma por suicídio 
Não mais existirá, 
Deixando um vazio à beira mar.
A vida se arrastará 
Por entre espinhos, sem jamais se curar...

Péricles Carvalho e Quézia Gonçalves



sexta-feira, 13 de setembro de 2013



O tempo se tornou intragável
Um suplicio, tão vulgar
Que resisto, mas não luto
Me escondo, em sinais

Em sintomas, de um luto
Minha doença, a saudade
Onde espero, escuto
Essa dor, que eu não quero
Que acabe, me matar

E se me traga tal fuga
Não exito em esconder
Na penumbra. As areias caidas
De uma escultura dolorosa, 
Dolorida, que acasala
Abraçando o que já se foi

Como um estrangeiro
Em terra desconhecida, 
Passageiro da passividade
Espera hibrida

Péricles Carvalho e Quézia Gonçalves


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Drama civilizado...

Cansei de ser apenas um personagem
Agora me mostro nu, sem decoros, sem maquiagem
Não quero ser mais a graça da vez,
E me contentar com a mentira,
De restos e rimas vazias,
Pagando com a vida para ter a minha vez,

Em cima do palco, esperando aplausos
E não interessa quem está lá, quem é você,
Por que tudo que parece é,
E o segredo é se parecer,
Com algo que lhes façam entreter

Personagem somos todos nós
Com nossos roteiros e repertórios
Tão cegos, tão sós
Mas quando vamos para os bastidores
Que expulsamos nossas dores
E demônios que não queremos mostrar...

Desejos que não sublimamos, pois é preciso improviso
E na presença do conflito, reproduzimos mais um rito
Pela ausência do amor, continuamos a atuar...