quinta-feira, 25 de julho de 2013


















O desejo me deu nome
Encorajou me a falar, a sorrir, a amar
Ensinou me o que era fome
Deu me um propósito para movimentar

E através da linguagem constante,
Aprendi a lhe simbolizar,
Do significado ao significante
Construí minhas projeções
Transferências e frustrações

Com a lei dos homens, te reprimi
Com a lei de deus, te demonizei
Mas foi com o ego, através dos sintomas que te deformei.

Tornei me ato falho, neurótico oco, vivo no imaginário
Tentando me libertar, de uma realidade repressora
Formada por instituições narcísicas e perversas
Que tomam o nosso lugar de desejar,

E quando não nos adaptamos a essas relações de poder
Culpam nos pelo nosso próprio mal estar
O que eles não sabem é que o conflito do desejo
Como um cavalo selvagem, não conhece limites e não se pode dominar...

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Vício de linguagem


Hoje me perdi e me encontrei em um vicio promissor
Vicio que sempre me encorajou
A gozar sem medo e sem pudor 
E nessa libido, calor, fiz amor
Sem camisinha, com as suas linguagens poéticas
E projetada nelas, recriei as minhas

Filho do acaso



Sou rito de passagem 
Nesse folclore popular
Crio minhas próprias tradições
E no embalo do improviso
Sigo o meu futuro sem seguir ninguém
E se vivo numa cultura paternalista, 
Mereço me acusarem de édipo desordeiro
Pois foi o acaso que me pariu, 
Não me apresentem o destino
Nem suas verdades
Se forem absolutas 
Não quero saber
Só quero sublimar, me surpreender...

Luto em devaneios...





Ao abrir os olhos e se dar conta de que ainda estava no mesmo lugar, na mesma condição que tentara fugir ao dormir, amaldiçoou o dia por isso. E com ele o brilho intenso da manhã, o cair da chuva, o barulho do mundo lá fora que representava a vida inerente a sua existência, o que o fazia sentir se ainda mais miserável. Por que a dor era eminente, e pensar, extravasar, se entorpecer já não fazia diferença, Deus não estava lá e tinha certeza disso, e por isso tudo e todos eram paliativos e indiferentes diante de seu luto.

Lembrou se de uma antiga definição do que era deficiência: “Condição de total dependência quando não se tem capacidade alguma de mudar a sua realidade sem o outro”. Era como se sentia. Mas não havia ajuda alguma, só a sombra de uma vida que construíra apenas com ilusões e contratos sociais, da qual já rasgara do livro de sua vida pessoal.


Enxergou se despido diante do espelho, via ali sua imagem indefesa e cheia de marcas, suas marcas contavam sua história que guardava só para si. Era homem com desejo de criança. Ele refletia ao espelho uma verdade inconveniente, vivia em negação, queria ser tantas pessoas e acabou sendo apenas ele mesmo... Já não queria refletir mais a mentira dos outros, se alimentar com mentiras para viver, isso só fazia sentido para quem tinha medo. Órfão da guerra de viver, não queria fugir, queria lutar por um amor mais forte. E quando foi perseguir lo, encontrou em si mesmo o seu próprio lar!

Semiologia da Repressão...

Tão exemplar é o sintoma, imune ao tempo e a omissão. Desejo que se desloca em mecanismos de defesa, uma linguagem inconsciente e patologicamente insaciável, gritando em silêncio...

Seu sentido é ambivalente, é arma, ancora e bengala. Traz dor e prazer, como conciliação entre elas. O sintoma não é desequilíbrio, é a tentativa de se equilibrar entre a castração e catarse, entre auto regulação e destruição. 


A saúde do neurótico depende tanto de uma dada medida do sintoma quanto o pastor dos seus fieis...

domingo, 7 de julho de 2013

Ditadura Psiquica


















Inconscientemente,
Nos alistamos para uma guerra...
Cujo o nome é Mercado, a "nova religião"
E sob ordens autoritárias
Armamo nos em profusão
De falsos moralismos, consumismo
Coletiva solidão e obsessão...
Armas que não nos defendem
De emergir sintomas de frustração
Juntos, conduzidos a essa psíquica ditadura.
Sem querer, descobrimos o caminho para a loucura.

Péricles Carvalho

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Sobre o Filme Elena

Elena,

Precisava desabafar sobre o filme... Não vou fazer uma análise psicológica dele por que ficaria muito chato e até prolixo.

O que posso dizer é que o filme em si de tão expressivo e intenso envolve cada espectador como se expusesse uma nudez afetiva a ponto de sensibilizar profundamente.

Do inicio ao fim, as cenas se esgotam em devaneios, poesias ambivalentes e vivas... É surpreendente como a protagonista Elena, é projetada em todos que a rodeiam, como para a sua irmã que tem nela um parâmetro para tudo, seu Id, seu Superego.

Enfim, é um autêntico filme brasileiro, de um gênero melancólico e romântico... Vale dizer também que seu conteúdo é de pura arte, ou seja, só encontra valor para quem compreende e aprecia a subjetividade emocional. Além do mais não vejo a beleza do filme só pela melancolia que ele trás, mas também pelo que nela representa, um processo de cura se emergindo.

Para a diretora Petra Costa, nota dez pela iniciativa!


https://www.youtube.com/watch?v=RmoXIxoM99s