domingo, 23 de junho de 2013

Espetáculo Visceral...







Se por acaso for, apenas dor
A sua dor,
Não me pertence, e nunca vai me pertencer
Sou aquilo que de puro sinto,
Em sensações, não me engano ao dizer

Que a dor alheia não existe,
E muito menos nosso altruísmo
Existe sim, em nós é um padecer
Que de tão sádico, se maquiou

E com ele, o masoquismo...

É o desejo, que nos atrai o olhar
Fixamente, para as feridas
Feridas abertas marcadas no outro
E com os olhos, a cutucamos profundamente
Delas nos entretemos, num êxtase simbólico

Cada homicídio, cada espetáculo, cada horror
Não é a dor que nos atinge, é a vontade
Vontade de desejar, de prazer pulsional
Um prazer desumano por destruição
Que não se perdeu na pose de senhor civilizado

Por outro lado, em nossas tragédias se acolheu...
E aos poucos, cria força e sentido 

Mas não é perversão, 
Mudou se o ato? Só os conceitos e obsessões

De vísceras expostas ao alcance das mãos 

Para preconceitos e Juizo de valor,
Jogos de poder e dominação 
Em fantasias de compensação eu vejo
A morte, em ascensão... 


(Péricles C. Passos)

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